domingo, 19 de setembro de 2010

A poesia pode te salvar - Domingo ainda é um dia inoportuno.

André é um cara inofensivo. Apesar de tudo é inofensivo.
O relógio desperta seis e vinte. Nunca foi tão difícil acordar tão cedo. Tudo o que escreveu ontem está no chão. Algumas folhas estão sujas de café, a casa cheira a cigarro. Ainda mantém o mesmo discurso sobre a inutilidade do amor, ou de andar, dormir ou comer cereal matinal.
"Vou voltar para a cama". Dois dias, três, quatro, trancado em casa almoçando ervilha. "A descarga entupiu, jogo tudo pela janela".

André sabe escrever, beber e dormir. Sabe muito e nada sobre o amor. Rejeita a luz do dia, da lâmpada e sabonete.
Domingo é um dia inoportuno. Segunda, quarta, quinta, sexta e sábado também.
Terça não. Na terça ela aparece na janela, fuma um cigarro e André consegue desenhar no papel cada poro do seu mamilo.