sábado, 17 de janeiro de 2009

à carta da 7ª casa

com dedicação, me apliquei a colorir suas mentiras
pintei das cores mais bonitas
fiz elegância

acolá tinha caviar, vinho e acordes
no canto fiz borrões
e quem diria que isso esconderia bem os nós da sua saliva

pintei as noites frias com giz de cera
dobrei, cortei, empacotei
os descasos tratei com laços
cor-de-rosa para paisagem

e meu coração...
esse eu esqueci, decorando na sua mão.

trágico ver-me obrigada a escrever sobre tal
doloroso o reflexo de minha face,
quando curvo a cabeça pro lado esquerdo
passo pelas flores, um quadro feio marrom e logo embaixo: o espelho
nele, meu rosto
colorido
das emoções
e da vergonha
deve ser castigo gostar desse desassossego mal lavado

Num instante de desatento
ela se atrapalhou entre o vento
e tropeçou na vela mais próxima.

Terminou a noite ardendo em fogo
e amaldiçoando o genitor da macumba.